Quem são as pessoas VULNERÁVEIS a ter DEPRESSÃO?
Quais são, ô Vinícius, as pessoas vulneráveis a ter depressão? Olha, quando a gente fala de uma prevalência de 200 milhões de pessoas no mundo, né, é muita gente e 11 11 acho que tinha era 11 milhões aqui no Brasil. Eu acho que todos nós até certo ponto a gente tem um uma vulnerabilidade, né? Eh, mas acho que pessoas passam por traumas mais intensos, tem um histórico, acho que é importante. Tentativas prévias eh associam uma nova nova tentativa, novo episódio, que a gente vê muito em estudos, se a gente não trata um episódio de depressão efetivamente, eh, a tendência e remite todos os sintomas, principalmente os sintomas residuais que são mais difíceis de tratar. sintomas residuais são mais comuns, por exemplo, a insônia, a ansiedade. Esse indivíduo, ele tem mais chances eh em poucos anos de ter um novo episódio. Isso vai virando uma bola de neve. Quer dizer, um indivíduo que tinha uma depressão leve, uma tristeza persistente, se ele não tratar, a chance de ele ter recorrência disso tudo é enorme. É. E existe fator genético? Existe eh tem eh tem estudos de associação de fenótipo que eles identificam, na verdade, a depressão como multifatorial e eh e de várias origens também, né? A gente sabe que a gente que a gente definiu hoje de sintomas geral gerais de depressão, na verdade são vários subtipos de depressão que respondem até de forma de tratamentos diferentes. No mês passado, teve um artigo do BOC que foi muito muito e interessante no meio científico, porque ele rastreou cerca de 700 genes que estariam ligados à depressão. Hoje a gente ainda não sabe como utilizar eles, né? a gente não sabe o que fazer com eles, mas a gente sabe que tem essa associação e inclusive a relacionados até com padrões de personalidade que a gente a gente a gente se associava, né? Agora a gente sabe, por exemplo, adolescência, adolescência é uma época de explosão, né? De modificações no corpo e modificações na mente. Até no podcast de games, a gente falou que a iniciativa é extremamente exarcebada, né? Exato. Ele precisa de viver novas experiências, né? Agora, e a depressão existe na adolescência nesse período de transformação? que a gente comenta que o padrão de resposta acaba sendo diferente por esse jovem ser mais impossível pelo corte de préfrontal ainda tá em desenvolvimento, amadurecimento, eh às vezes ele vai lidar com a tristeza dele expressando irritabilidade e raiva, impulsividade. Então, às vezes o indivíduo em depressão, ele pode fazer aquele padrão mais clássico de eh perda de energia, tristeza, mas muitas vezes ele acaba expressando com uma irritabilidade muito grande, crescente, né? e aí se colocando em situações de risco por uma atitude mais impulsiva. Eh, hoje a gente vê um aumento maior da incidência de de depressão nos jovens. Eh, isso tá associado a a fatores ambientais, né, e culturais, né, ou muitas vezes tem linhas de pensamento que falam que, na verdade, tá sendo falado, mas a pandemia foi muito benéfica para falar de saúde mental, uma coisa que era um tabu muito grande, começou a ser falado muito nas redes, o que que é saúde mental, o que quer sentir triste, o como quer expressar meus sentimentos e talvez isso também seja uma forma de que começou a a ser falado mais em casa sobre isso, algo que antes a gente não falava. Era muito comum às vezes passar por um episódio e se isolar, né? A depressão eh antigamente era vista como algo, né, que você não poderia comentar com ninguém e de isolamento, né? Talvez uma um é uma doença que cause vergonha em quem está doente, né? Exato. Agora, ah, outra, você falou em pandemia, você acha que a pandemia contribuiu para aumentar o número de casos? pegou muita gente vulnerável. Ah, olha, eu acho que a pandemia ela colocou a gente de frente com nós mesmos, no sentido de começar a se questionar várias coisas da nossa própria vida. Isso talvez levou as pessoas a a a um aumento dessa tristeza, né? Mas eu atribuo mais que começou a ser falado. Acho que essa prevalência sempre existiu, só que antes era pouco comentado. E de repente a prevalência apareceu. Outra outra coisa, por exemplo, eu vivo num ambiente de trabalho ruim, eu trabalho em uma área que eu não gosto, eu tenho pessoas ao meu redor que eu não gosto e eu começo a apresentar sintomas de depressão. Eu sou vulnerável ou aquele ambiente tá me deixando deprimido? Isso, isso, isso é excelente. É porque são situações corriqueiras do dia a dia, né? É isso. A gente pode pensar na ideia do de diferenciar o que que é o o burnout, né? O eu tive a oportunidade de escrever um capítulo de livro com o Dr. Teng num livro chamado Burnout na Prática. E a gente e eu a gente ficou com o capítulo responsável justamente da da ligação da depressão com o burnout. O o burnout é aquela tríade, né, de exaustão emocional, despersonalização e e falta de de energia. Não, despersonalização. Eh, dispersonização. Nossa, agora já já você se lembra. Segue lembro, lembro os três. Mas ah, o indivíduo, ele tá num mente ruim de trabalho, ele tende a se expressar esses sintomas. A, o burnout ele não é uma doença com alterações neuroquímicas. Você afastando esse indivíduo desse ambiente, ele tende a melhorar. O problema é que se ele fica por um período muito crônico nesses ambientes, ele tende a evoluir com sintomas de adoecimento mental, evoluir com quadro de ansiedade, com quadro de depressão. Hum. O que a gente vê na prática que tem um ambiente que prejudica, mas muitas vezes também tá relacionado a fatores internos do indivíduo de como ele lida com o mundo, fatores próprios. Ele é predisposto. Exato. Ele teria uma predisposição. E não é muitas vezes a aquele indivíduo que tem pouca energia de trabalho. Geralmente aquele indivíduo que tem muita energia de trabalho, que quer dar conta de tudo e tem uma exigência muito grande com ele. Só que ele chega num ponto de que ele começa a entrar em exaustão. Entendi. Quer dizer, ele, o ambiente o fez com burnout ou o fez deprimido. Exato. Uma outra, uma outra forma como ele lida com o ambiente também, né? Não coloca limites para ele, não se organiza, não cuida dele, da família. Uma outra situação comum em pacientes mais jovens, até em crianças, o bullying. Bulling, o bullying pode fazer uma criança deprimida? pode, com certeza. É um grande fator de trauma e a o advento da internet, da web, acabou até potencializando isso. Antigamente, quando a gente tinha episódios de bullying eh na infância, acaba ficando restrito ao ambiente escolar. Hoje com a internet você pode potencializar para milhões de visualizações em poucos segundos, porque às vezes assim, sim, a exposição, a exposição é muito grande. É, o bullying cibernético tem sido um problema. É um problema. E essa exposição muitas vezes ela é eterna, né? É pro resto da vida que o cara vai sofrer com uma exposição covarde de uma criança. Eh, e aí isso pode desencadear aí episódios de depressão nessa criança. E é a vida toda mesmo, né? É muito como na internet a gente vê, né, aquelas vídeos: “Ah, o que que aconteceu com fulano 20 anos depois? As pessoas vão atrás para tentar saber como que essa pessoa ainda tá. Hoje é muito fácil vasculhar o passado das pessoas. Exato. Muito fácil, porque a nossa vida tá na web, né? Infelizmente, a nossa vida tá na web.
Dr Vinicius Andrade, psiquiatra supervisor do ambulatório de jogos e transtorno de impulsos do Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP e secretário da comissão de adicções da Sociedade Brasileira de Psiquiatria
Dr Marcelo de Lima Oliveira, neurocirurgião, Doutor pelo HCFMUSP
Dr Edson Bor-Seng-Shu, Professor Livre Docente HCFMUSP
Depressão atinge 200 milhões de pessoas ao redor do mundo. É uma das maiores causas de incapacidade funcional no mundo e no Brasil é a maior causa de afastamento do trabalho no Brasil.
Depressão é uma alteração neuroquímica no cerebro que leva a sintomas como tristeza, falta de esperança, falta de energia, alterações do apetite, do sono, capacidade de concentração que pode levar a ideação de auto extermínio. Um indivíduo com depressão tem domínio de pensamentos negativos como raiva, ansiedade e triste e incapacidade de ter pensamentos positivos como alegria e prazer. Isso leva a desesperança em relação a vida. Para o diagnóstico esses pensamentos tem que persistir por mais de 2 semanas apesar de o paciente tentar achar um caminho de positividade. A depressão pode ser classificada em leve, moderada e grave. Existem alguns sintomas característcos porém a anedonia e tristeza tem que ocorre para o diagnóstico. A depressão também pode alterar outras funções do cerebro como sono, insônia, perda de apetite como emagrecimento, comer muito, dor e síndrome demencial por afetar a cognição (pseudodemencia). Algumas doenças podem estar associadas à depressão como Doença de Parkinson. A depressão pode piorar a condição de doenças crônicas como diabetes, hipertensão e doenças autoimunes. Por vezes o paciente deprimido pensa que seu corpo esta apodrecendo e não consegue procurar tratamento para qualquer tipo de doença, ou seja, a depressão encurta a vida.
Um amigo pode ser suspeito de depressão quando apresenta alteração o padrão de comportamento, nega convites para atividades de lazer habituais, perde interesse por coisas que gosta, indiferença, etc… Ele frequente descreve cansaço crônico, que tem falta de energia e não sente mais prazer nas atividade dele. Normalmente o diagnóstico é mais fácil de fazer nas mulheres que tem uma percepção melhor do seu comportamento. Já na depressão moderada há perda de funcionalidade no trabalho e na familia, procrastinação das coisas que ele deve fazer e visão de tempo distorcida. Na depressão grave pode ter ideação de exterminar a vida, não tem disposição para comer, tomar banho e sequer pedir a ajuda.
As pessoas mais vulneráveis à depressão são aquelas que tiveram traumas psíquicos intensos no passado, antepassado de depresso, etc; fatores genéticos também podem contribuir. A depressão também pode estar associada à adolescência e a manifestação pode expressar-se com raiva e irritabilidade. O Burnout não é causado por alterações bioquímicas no cerebro porém, num ambiente de trabalho quando afastado pode melhorar porem, quando não há melhora pode-se pensar no diagnóstico de depressão. O bullyng pode potencializar a ocorrência de depressão por conta de stress traumático. Boa parte dos pacientes nega a existência da doença pelo preconceito de existência dessa condição e falta de conhecimento, pois uma parte significativa da população não conhece essa doença.
O idoso pode ser mais vulnerável à depressão pela perda da funcionalidade das atividades do dia a dia. Outras fases da vida de vulnerabilidade são a adolescência, gestação, puerpério e menopausa. Uma mão amiga para um paciente com depressão é importante porque são pessoas que sofrem em silencio.
Toda depressão deve ser investigada porque pode ser manifestação de doenças orgânicas como hpertiroidismo, climatério, doença de Parkinson, tumor cerebral, derrame cerebral, entre outras. Na investigação da depressão deve-se fazer exames de imagem como ressonância magnética, exames bioquímicos, exames hormonais, entre outros.
O plano terapeutico para depressão tem 4 pilares: 1) orientação na mudança do estilo de vida para ter melhora qualidade de auto cuidado como redução de cigarro, álcool, pratica de atividade física, melhora do sono, melhora da alimentação, etc.. 2) orientação da família e buscar redes de apoio, 3) abordagem terapêutica psíquica e 4) medicação com serotoninérgicos como fluoxetina e sertralina, medicações duais (intervem na noradrenalina) e medicações que atuam de maneira sinergica (dopamina e serotonina). Além disso, na ausência de reposta satisfatórias pode-se pensar em mediadas intervencionistas como a Cetamina, estimulação transcraniana e eletroconvulsoterapia.
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